Nova Escola Família Agrícola de Casa Nova participa de formação sobre Convivência com o Semiárido

Acreditando na força da coletividade e com muita determinação, a comunidade auto reconhecida como Tradicional Fundo de Pasto, Algodão de Baixo, em Casa Nova-BA, está em mutirão para estruturar uma Escola Família Agrícola (EFA), que recebeu o nome em referência ao bioma Caatinga. Desde fevereiro que a Escola Família Agrícola da Caatinga (EFAC), localizada a 38 km da sede do município, já está oficialmente em funcionamento.

A EFAC, nesse início das atividades, está executando as ações como uma extensão da EFA de Itiúba-BA, que faz parte da Rede das Escolas Famílias Agrícolas Integradas do Semiárido (Refaisa). Duas turmas, uma do 6º ano do ensino fundamental e outra do 1º ano do ensino médio Técnico em Agropecuária, estão sendo pioneiras dessa chegada, mais próxima, da Pedagogia da Alternância às comunidades da região de Casa Nova e municípios vizinhos. A iniciativa é importante, porque também representa uma oportunidade, para muitas famílias agricultoras, de oferecer a continuidade dos estudos, um ensino de qualidade e ível para os/as filhos/as.

Mesmo com todos os desafios que um começo de trabalho e de estruturação representa, a EFAC participou de atividades diversas, a exemplo da Jornada Pedagógica da Refaisa; e também já está desenvolvendo as atividades de ensino, inclusive com viagem de estudo, que é uma das metodologias da Pedagogia da Alternância. Essa vivência aconteceu na última terça e quarta-feira (4), no Centro de Formação Dom José Rodrigues (CFDJR), a roça do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), em Juazeiro-BA.

Durante a programação, estudantes, professores/as e monitores/as participaram de atividades como a Trilha Pedagógica da Convivência com o Semiárido, discussões sobre Terra e Território, Educação Contextualizada e Comunicação para Convivência com o Semiárido. Ao longo dos debates, a turma partilhou saberes e se apropriou de diversas temáticas relacionadas à essa região.

“Gostei bastante da reutilização de água (saneamento rural com reúso de água), principalmente porque lá na EFA um dos nossos problemas é a falta de água. Gostei de tudo um pouco”

destaca a estudante do curso Técnico em Agropecuária, Samira Santos

Samira também enfatiza a importância das discussões sobre a consciência crítica, pautada por Paulo Freire e que foi um dos assuntos abordados. “É muito importante, não só nos estudantes, mas como um todo, ter uma visão crítica, porque a pessoa não pode ser inocente e levar na base do ‘não, não foi por maldade’(…)”.

O coordenador da EFAC, Felipe Alves, afirma que essa vivência e formação no CFDJR é significativa para o trabalho da Escola, sobretudo, para desconstruir estereótipos:

“A nossa formação aqui, nesses dois dias, contribui para olhar o processo educacional e o Semiárido de uma forma diferente, na perspectiva da Convivência com o Semiárido, saber viver dentro da nossa realidade, convivendo de forma harmônica com a natureza, com o ambiente social; também discutindo a questão dos conflitos que há na nossa região, das narrativas que colocam o Semiárido como um lugar de atraso. A formação contribui para que a gente faça enfrentamento a essa narrativa e contribua para uma outra perspectiva, do Semiárido como um espaço bom de se viver. Saímos daqui com uma outra visão sobre a nossa realidade”.

Nesse sentido, o coordenador institucional do Irpaa, Clérison Belém, pontua que a EFAC “é uma iniciativa bem vinda”, porque “vem para fortalecer a permanência dos jovens no campo, com educação apropriada, com a visão de sociedade justa, trabalho da conservação e da Convivência com o Semiárido”.  

Clérison complementa ainda que “o Irpaa, como já parceiro das EFA’s há décadas, assim como Refaisa, Aecofaba, com a instituição fundadora da Escola Família Agrícola de Sobradinho, também se dedica a ser uma entidade parceira da EFAC, para essa construção da Educação Contextualizada no Semiárido”. Por exemplo, a instituição já articulou com a coordenação da Escola, o desenvolvimento de atividades formativas com educadores/as e estudantes.

A EFAC necessita de mais apoio para se consolidar na região, por esse motivo, as demais organizações da sociedade civil e do poder público precisam se aproximar e contribuir nessa construção, que representa mais um avanço para a Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido, com a Educação no/do campo. 

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa | Fotos da trilha: EFAC

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